A visita de campo contou com perto de quatro dezenas de técnicos dos três municípios que se encontram a desenvolver os PLAAC – Planos Locais de Adaptação às Alterações Climáticas em parceria com a ENA – Agência de Ambiente e Energia da Arrábida, promotora do projeto, o IGOT – Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa e a NOVA School of Science and Technology da Universidade Nova de Lisboa (FCT NOVA).
O itinerário foi conduzido pelo professor do IGOT José Luís Zêzere, coordenador do estudo que, no âmbito do projeto PLAAC, fez a análise e cartografia dos perigos climáticos atuais e futuros para o território Arrábida, tendo como horizonte o ano 2100, de acordo com dois cenários diferentes para a evolução do clima em que um apresenta condições mais favoráveis e outro revela condições mais desfavoráveis, mas ambos com perspetivas pouco animadoras.
Este estudo identificou no território Arrábida as áreas mais críticas que podem ser diretamente afetadas pelos perigos climáticos: incêndios rurais /florestais; erosão hídrica do solo; instabilidade de vertentes; inundações fluviais e estuarinas; inundações e galgamentos costeiros; erosão costeira e recuo de arribas; calor excessivo; secas e tempestades de vento.
A partir da combinação dos mapas de perigo com um conjunto de elementos tais como edifícios residenciais, alojamentos, população residente, equipamentos estratégicos, rede rodoviária e ferroviária foram avaliados a exposição e os riscos do território Arrábida. Um dos fatores essenciais na avaliação dos riscos climáticos é a vulnerabilidade social, que tem em consideração a idade da população, problemas de deficiência física e características socioeconómicas e de alojamento. As informações sobre as características da população e o número de habitantes nos locais mais suscetíveis a perigos climáticos identificadas no projeto servem de base para a construção dos Planos Locais de Adaptação às Alterações Climáticas dos concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra.
Os três planos locais que resultarão deste projeto assumem-se como fundamentais para preparar a comunidade para enfrentar os desafios das alterações climáticas, com a definição de medidas para reduzir o risco climático, diminuir os eventuais impactes e promover a sua adaptação.
A concretização dos Planos Locais de Adaptação às Alterações Climáticas baseia-se num processo participativo com o envolvimento ativo dos técnicos municipais e técnicos de Autoridades Locais de Proteção e Segurança, sociedade civil e setor privado, que conformam Redes Locais de Adaptação Climática em cada município. Através de diferentes sessões de capacitação e trabalho, mais de um centenar de agentes estão a participar na elaboração dos três planos e contribuindo para aumentar a resiliência e a capacidade de resposta destes municípios.
O PLAAC-Arrábida materializa um investimento superior a 165 mil euros, financiado a 90 por cento pelo Programa Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono, do Mecanismo Financeiro EEA Grants 2014-2021.